Algacyr Costa gentileza de Rogerio Antonio Teixeira Foi lá por sessenta e três Lembrarei pra sempre irmão, Eu "bem louco pra servir" Ser pracinha da nação Aí seria mais homem No pensamento de então.
Lá no "primeiro do vinte" Cheguei de manhã bem cedo Era em casa Passo Fundo Hoje conto sem segredo Fui chegando pro portão Num alvoroço sem medo Lá dentro se era escolhido Quase que a ponta de dedo
Lindo toque da alvorada O clarim me despertava Depois de arrumar a camita Para o rancho nós rumava. Entrava em forma e na fila Porque a ordem decretava Cada um com seu copito O desjejum preparava.
Nós chegamos de "a paisano" Fica uns dias desse jeito "Levamo" a primeira "tosa" Todo mundo satisfeito Fiquei com a "pinha" alumiando Num cadete bem mal feito Pois cabeça de milico No quartel não impõe respeito.
Foi como um grande rodeio Veio logo a apartação Fui o "cento e trinta e três" Do terceiro pelotão E vieram me perguntando Qual ofício ou profissão, Burocrata ou diplomado Ia logo pra seção.
Logo "aprendemo" a entrar em forma Para a primeira instrução De sentido e descansar A segurar o mosquetão A marchar enfileirado Pelo pátio do esquadrão Aquilo mais alinhado Do que teta de leitão
Bem logo veio a faxina Que nos mandou o capitão Pra tirar grama das pedras Com ferros de rasquiação Uns "pintava" outros "lavava" E todos tinham função Na hora que tocou o rancho Alegrou meu coração.
Vai uns "mês" pra "passar a pronto" Sempre à baixo de instrução: Desmonta metralhadora Mexe em sabre e mosquetão Tira serviço na guarda -Cavalariça ou plantão Nunca se dorme na hora Nem fica sem munição
O índio que vem de fora No quartel sempre se acerta Sabe andar bem de a cavalo De madrugada desperta Tira serviço pros outros Quando nos cobres se aperta E se vai pra algum bochincho Ninguém faz a descoberta
Já o rapaz da cidade Dizem de papai é filho É macio no caminhar No olhar tem outro brilho Sofre muito na instrução Na marcha até perde o trilho Anda pulando na cela Pede socorro o lombilho
Boa vida tem compadre No quartel o cassineiro Não come o resto que sobra Porque já comeu primeiro Fica boleado de gordo Que nem cusco de açougueiro E coitado do milico Que encrencar com o rancheiro
Tem cristão que acha bom Lá é tudo padronizado Desde o soldo até o arreio Toda a roupa do soldado Não tem rico não tem pobre Fica tudo misturado E o que é guapo vive bem Encontra-se respeitado
Pra ser bom de ser soldado É nunca se envaretar Ser malandro e debochado É melhor do que embrabar "Levar tudo na esportiva" É o jeito de driblar Pois perde quem sai ganhando Na hora que a parte entrar
É bom saber que lá dentro O tratamento é sortido Tem os bons, os mais ou menos Os brabos, os provalecidos Que se aproveitam do cargo Para ser obedecido Se o quera for retovado Fica preso ou é detido.
Recordo o meu comandante Dos sermões que ele pregava Conselhos que não esqueço Que todo mundo escutava Falava as "vez" uma hora E a gente só respirava E qum não tinha preparo No solaço desmaiava.
No esporte fui campeão Pela seção de comando Com o Osvaldo e o Dalpiva O julio no meio armando O pelé jogava sério E o padeiro "mutreteando" E eu petiço de arqueiro A goleira ia fechando
Ganha bem pouco o milico O soldo sai descontado Paga o pito a roupa a folga Vai pra algum baile enfeitado Se encostar nalgum carinho De a muito necessitado Quando vem no outro dia Os "pila" encurtou um bocado
Todo dia tem revista E de tarde boletim Todo mundo interessado Escuta tim por tim tim Pra ver se cai de serviço Se escapar que bom pra mim Quarta parte dá cadeia Expulsão ou coisa assim
Foi em abril a prontidão De uma "canha" precisava E prenderam no portão O goularte que levava Três dias dobrei serviço No alojamento cantava Lembrando da namorada Que lá fora me esperava
Fui soldado caprichoso A mãe a farda engomava Meus coturnos engraxados A calça verde frisada No bater uma continência Até o boné se orgulhava De ver um praça garboso Que civismo transbordava!
Mas chegou o dito dia Do tal de "pronto passar" Todo o esquadrão em forma Em frente dele marchar No juramento sagrado Uma vida pra lembrar Ela hasteada soberana Minha bandeira jurar
Ontem, hoje, juro sempre Quando te ver tremular Ou ao escutar nosso hino A emoção me encilhar Uma lágrima crioula Em minha face rolar É o patriotismo farrapo Que está no sangue a pulsar.
Ponho minha mão no peito Em cima do coração Vejo no verde pampeano Os campos do meu rincão No amarelo, vejo ouro No azul o céu deste chão No branco paz e progresso Simbolismo da nação. |
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